Agricultores ajudam no reflorestamento de reserva legal em assentamento na Paraíba
De
acordo com a presidente da associação dos moradores do assentamento,
Jandira Pereira, foram plantadas até agora 500 mudas, todas oriundas de
doações. A ideia é recuperar e proteger a reserva legal do assentamento
através da conscientização ecológica de assentados e vizinhos,
transformando o local. Atualmente, espécies rasteiras predominam o
assentamento, mas a área é capaz de abrigar diversidade de fauna e da
flora características da região, que tem úmida de altitude e a mata
subcaducifólia – vegetação também conhecida como “mata seca”.
Entre
as espécies que estão sendo plantadas na área de reserva legal do
Assentamento Cícero Romana I estão: ipê amarelo, ipê rosa, barriguda,
cedro, cajueiro, pinho, nim, leucena, cumaru, ubiratã, chichá, aroeira,
sabiá, mulungu e algaroba.
Jandira Pereira explica que o
cercamento do perímetro da reserva legal está sendo realizado com o
aproveitamento de troncos secos e com arame farpado comprado pelos
próprios assentados. Em algumas partes, os agricultores optaram por
utilizar cercas vivas com o plantio de mudas de mulungu e de algaroba.
“Já cercamos 50% da reserva”, conta.
Foto: Cerca de 30 moradores atuaram no plantio de 200 mudas nessa quarta-feira
Créditos: Kalyandra Vaz/Incra-PB
Engajamento
Para
o assentado Petrônio Diniz, 63 anos, a ação do homem também contribui
para a seca e para o empobrecimento do solo. “O que estamos passando não
é culpa de Deus, é do desmatamento e da falta de cuidado com a
natureza”, afirma, acrescentando que os assentados precisam cuidar bem
de sua maior conquista, a terra para produzir.
“Minha família
sempre foi humilde, nunca teve nada na vida. Mas, depois de assentados,
nossa vida mudou 90%. Hoje, eu consegui dar uma situação melhor à minha
família. A gente se alimenta muito melhor. Antes, o lucro ia todo para o
patrão”, conclui o agricultor familiar.
Os jovens da comunidade
também estão se mobilizando para recuperar a vegetação do assentamento,
como é o caso de Marcelo Henrique Nunes, 18 anos, e Pedro Flor, 21 anos,
que estão cercando as margens do rio que corta Cícero Romana I e estão
se preparando para iniciar o plantio de espécies frutíferas no local.
O
Assentamento Cícero Romana I abriga 54 famílias, que vivem da produção
de feijão, milho, batata doce, batata inglesa, fava, macaxeira e
hortaliças, além de frutas como limão e laranja. Os produtos são
vendidos principalmente em uma feira agroecológica realizada às
sextas-feiras pela manhã em frente ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais
de Esperança.
Foto: Pessoas estão se mobilizando para recuperar a vegetação do assentamento
Créditos: Kalyandra Vaz/Incra-PB
Pronaf e produção de mudas
O
gerente do escritório da Emater-PB de Esperança, o extensionista rural
Gilvan Salviano, que esteve presente na atividade dessa quarta-feira
(14), afirma que o órgão vai iniciar, em breve, visitas a todas as
famílias do Assentamento Cícero Romana I para elaborar projetos para o
acesso aos recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da
Agricultura Familiar (Pronaf).
Os projetos, segundo Araújo,
deverão ser voltados prioritariamente para o atendimento das
necessidades básicas de infraestrutura hídrica dos agricultores, como a
construção de barreiros e de cisternas e a aquisição de motores, de
forma a dotar as famílias de condições de produção mesmo em épocas de
estiagem.
“Queremos criar condições e dotar o assentamento de
infraestrutura para que os assentados possam produzir hortaliças e criar
aves e suínos, por exemplo, para fornecer para o PAA [Programa de
Aquisição de Alimentos] da Conab [Companhia Nacional de Abastecimento]”,
diz.
A Emater-PB se comprometeu ainda a elaborar um projeto para o
treinamento de agricultores do assentamento para a produção e a
construção de um viveiro de mudas com o apoio da Associação dos Pequenos
Produtores de Timbaúba e Araras (APPTA).
Reserva legal
No
Assentamento Cícero Romana I, existe uma reserva legal, área onde é
necessário uso sustentável dos recursos naturais, conservação e
reabilitação dos processos ecológicos, conservação da biodiversidade,
abrigo e proteção de fauna e flora nativas. Ela varia de acordo com o
bioma e o tamanho da propriedade e pode ser de 80% da propriedade rural
localizada na Amazônia Legal, 35% da propriedade rural localizada no
bioma cerrado dentro dos estados que compõem a Amazônia Legal, e de 20%
nas propriedades rurais localizadas nas demais regiões do país.
Redação com Portal Correio
Redação com Portal Correio
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